sábado, 26 de setembro de 2009

Pra convencer ninguém...


Sinceramente, as vezes fico pensando em que escrever e termino por manifestar um encomodo, uma questão que fica espetando no peito e, por fim, coloco no blog um pensamento. A escrita, em casos como este, parece ser bem assim... Lispector já dizia: "Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..."
Escrevo qualquer coisa aqui e muitas vezes me pergunto quem vai ler essa porcaria, um blog de reclamações... Não, são simples palavras, entretenimento ou reflexão. Ainda que não sirva para mudar vidas, que sirva ao menos para, através de uma identificação com o que está escrito, consolar ou amenizar o sofrimento alheio.
Não queremos sofrer, nos protegemos e criamos escudos, sejam eles fisicos, morais ou afetivos, mas quando assim o fazemos, terminamos por abafar possibilidades e afastar oportunidades pelo medo de tentar.
Em psicologia comportamental chamamos isto de "reforço negativo". É quando o sujeito MANTÉM (ou aumenta a frequencia de...) um comportamento, como não falar em público, andar com pouco diheiro na carteira ou cuidar para não se envolver afetivamente, retirando o agente aversivo (punitivo) do ambiente. Chamamos estes comportamentos de FUGA e ESQUIVA. Para ocorrer a "esquiva", a "fuga" tem que ocorrer primeiro. "Fuga" é quando, por exemplo, tendo que falar em público, é criticado ou vaiádo, e então você sai da tribuna por esta consequência aversiva (ser vaiado ou criticado). A "Esquiva" já é evitar subir na tribuna para evitar ser criticado ou vaiádo.
Não é diferente com o sofrimento. Tentamos de todas as formas evitá-lo. É realmente raro alguém ter prazer em sofrer. O natural, e digo natural por referir a história da evolução humana, é a busca da proteção e sobrevivência, de forma que o "Reforço Negativo" tem suas origens filogenéticas (referentes a essa história da evolução), porém o grande problema é extender um "instinto" para situações generalizáveis na vida. Por exemplo, ter medo de falar em público não é um "instinto", ele fornece apenas um princípio: "proteger-se, sobreviver". A reação de não falar em público é adquirida, de forma condicionada. Em termos mais simples, é a "união" do instinto com a situação aversiva: uma associação de estímulos.
Para não mais alongar, todos nós passamos por situações difícieis e a solução é o enfrentamento, ainda que de forma lenta e gradativa; cada um tem seu time. Como diz Carlos Drumond de Andrade, "A dor é inevitável. O sofrimento é opcional."


2 comentários:

  1. Cara... eu gostei do seu blog! Mesmo! Nunca busca casual cheguei a ele. [Os melhores achados sao sempre assim, desintencionais]Gostei do seu estilo de escrever, de correlacionar iformações... Eu tambem escrevo, e mais pra mim e pro meu prazer, pro meu equilibrio que por qualquer outra coisa. Me pergunto se alguém vai ler... Acho que vai fazer pouca diferença... mas, no fim das contas, há sempre a esperança que "ainda que não sirva para mudar vidas, que sirva ao menos para, através de uma identificação com o que está escrito, consolar ou amenizar o sofrimento alheio". Eu sinto isso quando eu leio outros. Foi bom te ler. Vou adiconá-lo aos meus favoritos! Espero que vc não deixe de escrever.
    Abraço.

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